A Academia
A ABRAMES
A criação de uma academia de médicos escritores foi uma singular e genial idéia de Mateus Vasconcelos, membro titular e um dos dezesseis fundadores, em 12 de fevereiro de 1969, da regional guanabarina da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – Sobrames. A propósito, Mateus Vasconcelos foi o primeiro presidente (1969-1971) dessa novel agremiação, sendo reeleito para mais um mandato (19741975), além de ter ocupado também a presidência da sede nacional (1980-1982).
Aliás, deve ser muito enfatizado que a
Sobrames sempre foi e continua sendo o principal celeiro
humanístico-literário-cultural da Academia Brasileira de Médicos Escritores –
Abrames. Se a Sobrames, por sua própria natureza, constituise numa sociedade
aberta a um número ilimitado de membros, a Abrames, por respeito a uma
restrição numérica ontológica de seus participantes, renováveis apenas pela
morte ou pela passagem à condição de emérito, tem um filtro inerente em seu
estatuto que deve favorecer uma acendrada seleção de seus confrades e
confreiras. Entretanto, e infelizmente, como sói acontecer nas mais
tradicionais e respeitosas instituições congêneres, pela própria subjetividade
envolvida, critérios políticos, geográficos, econômicos, dentre outros, podem
interferir na escolha de um(a) candidato(a), preterindo outros(as) mais
compatíveis com o galardão acadêmico e macular, vez por outra, o processo
admissional.
Embora seja apontado por alguns que
Miguel Calille Jr. também configurasse como idealizador da Abrames, não resta
sombra de dúvida, para a maioria dos mais antigos fundadores cariocas, que esse
título deva ser peremptoriamente consagrado a Mateus Vasconcelos.
Mateus Vasconcelos apresentou numa das
reuniões da Sobrames, agora regional fluminense, pela fusão, em 1975, do estado
da Guanabara ao estado do Rio de Janeiro, a idéia de se criar uma instituição
acadêmica formada apenas por médicos escritores, idéia essa que foi aceita por
unanimidade dos participantes.
Assim, um grupo constituído por Marco
Aurélio Caldas Barbosa, Miguel Calille Jr., Tito de Abreu Fialho, Maria José
Werneck, Luiz Gondim de Araújo Lins, Perilo Galvão Peixoto, Syllos de Sant‘Anna
Reis e pelo próprio Mateus Vasconcelos passou a se reunir na Santa Casa de
Misericórdia do Rio de Janeiro, sendo essa comissão organizadora, por decisão
de seus pares, presidida por Marco Aurélio Caldas Barbosa.
Dessas reuniões surgiram vários nomes
para o futuro sodalício, sendo finalmente aprovado o atual – Academia
Brasileira de Médicos Escritores –, propício para a consagração de sua sigla
como Abrames.
É também fruto de seus primórdios a
elaboração do estatuto, as insígnias acadêmicas, assim como a escolha de Manuel
Antônio de Almeida como o patrono da entidade.
Finalmente, a Abrames foi oficialmente
fundada no dia 17 de novembro de 1987 – dia e mês de nascimento de Manuel
Antônio de Almeida, seu patrono –, no anfiteatro Miguel Couto do Hospital Geral
da Santa Casa de Misericórdia, na cidade do Rio de Janeiro[1].
Entretanto, demandou um ano e meio para a posse de seus membros. Mateus
Vasconcelos faleceu antes da instalação da academia, tendo a honra de ser
escolhido como patrono da cadeira número 1, da qual seria titularfundador.
Miguel Calille Jr. igualmente teve o mesmo destino e foi homenageado como
patrono da cadeira de número 4, da qual seria também titular-fundador.
Assim, em 26 de maio de 1989, a academia
foi instalada oficialmente no Palácio da Cultura Gustavo Capanema, na cidade do
Rio de Janeiro, com a posse solene de seus cinqüenta membros titulares
fundadores. Sendo uma entidade de âmbito nacional, havia, já no seu início,
representantes do estado do Rio de Janeiro e de alhures: São Paulo, Rio Grande
do Sul, Bahia, Minas Gerais, Alagoas e Paraná[2].
Deve-se salientar que cinco de seus membros fundadores eram também titulares da
centenária Academia Nacional de Medicina: Dagmar Aderaldo Chaves, Hilton
Ribeiro da Rocha, Jorge Sampaio de Marsillac Motta, Murillo Côrtes Drummond e
Umberto Perrotta. Em 1996, Júlio Arantes Sanderson de Queiroz, membro fundador
da Abrames e então seu presidente, tornou-se membro honorário da Academia
Nacional de Medicina. Helio Begliomini, titular-fundador da Abrames, tornou-se
membro correspondente da Academia Nacional de Medicina, em 2006. Com o passar
dos anos, outros cinco confrades dessa honorável e mais vetusta instituição no
gênero, do país, têm se somado e enriquecido a legião de imortais da Abrames, a
saber: Demócrito Jonathas de Azevedo (1993), Ivo Helcio Jardim de Campos
Pitanguy (1995), Jorge Alberto Costa e Silva (2003), Pietro Novellino (2004) e
Omar da Rosa Santos (2005).
Por ocasião da instalação do silogeu,
foi empossada sua primeira diretoria para o biênio 1989-1991, constituída por
Marco Aurélio Caldas Barbosa (presidente), Luiz Gondim de Araújo Lins
(vice-presidente), Manoel Baliú Monteiro (secretáriogeral), Tito de Abreu
Fialho (primeiro secretário), Syllos de Sant’Anna Reis (tesoureiro) e Daniel
Boechat (orador oficial).
A Abrames, desde seus anos iniciais, é
filiada à Federação das Academias de Letras do Brasil, onde tem três membros
delegados.
Deve-se destacar que a Academia
Brasileira de Médicos Escritores não é somente a primeira no gênero, no Brasil,
que reúne médicos escritores, mas, muito provavelmente ainda, a única no mundo!
Esse é um mérito de Mateus Vasconcelos, de Marco Aurélio Caldas Barbosa, dos
demais denodados membros de sua comissão organizadora, trabalhadores das
primeiras horas, cuja memória deverá ser sempre exalçada, bem como, em grau
menor, porém significante, de todos os seus sucessivos confrades e confreiras
que dela tiveram, têm e terão o privilégio de participar, pois se tornaram ou
se tornarão herdeiros atávicos desse significativo pioneirismo!
Teor da primeira página do convite.
Teor da segunda página do convite.
Teor da terceira página do convite.
Teor da quarta página do convite.
PATRONO
De junho de 1852 a julho de 1853
publicou, anonimamente e aos poucos, os folhetins, no suplemento de A Pacotilha do jornal Correio Mercantil, que compõem as Memórias de um Sargento de Milícias,
reunidos em livro, em 1854 (1o
volume), e 1855 (2o
volume), com o pseudônimo de “Um Brasileiro”. O seu nome apareceu apenas na 3ª
edição, já póstuma, em 1863. Sua peça teatral, Dois Amores (drama), data de 1861, bem como se situa por essa época
sua composição esparsa de versos.
Memórias
de um Sargento de Milícias é considerado como o primeiro romance urbano
brasileiro, escrito quando em voga o Romantismo, retratando a vida do Rio de
Janeiro no início do século XIX, época da presença da corte portuguesa no
Brasil, entre 1808 e 1821. Os críticos o consideram como um romance de cunho
realista, sem os artifícios que a técnica romântica fantasiava, deformava,
embelezava ou idealizava a realidade.
Em 1858, Manuel Antônio de Almeida foi
nomeado administrador da Tipografia Nacional, quando encontrou Machado de
Assis, que lá trabalhava como aprendiz de tipógrafo. No ano seguinte galgou o
posto de 2o oficial da
Secretaria da Fazenda e, em 1861, desejou candidatar-se à Assembléia Provincial
do Rio de Janeiro. Dirigindo-se a Campos para iniciar consultas eleitorais,
faleceu no naufrágio do navio Hermes, em Lages de Tábua, próximo a Macaé (RJ),
em 28 de novembro de 1861, com apenas 30 anos.
Manuel Antônio de Almeida é o patrono da
cadeira no 28 da Academia
Brasileira de Letras, por escolha do fundador Inglês de Sousa. Seu nome também figura
como patrono da Academia Brasileira de Médicos Escritores – Abrames, fundada em
17 de novembro de 1987, na cidade do
Rio de Janeiro.
[1] Nos dois Estatutos
da Entidade, o de 1987 e o de 1996, estão consignados que a Abrames foi fundada
em 26 de novembro de 1987. Entretanto, registram também que a data oficial de
fundação da Academia deva ser considerada como o dia 17 de novembro, dia e mês
do nascimento de Manoel Antônio de Almeida – patrono do sodalício –, embora a
diretoria provisória tenha sido empossada em 26 de novembro de 1987 (artigo 9o, § 4o
do Estatuto de 1987 e artigo 9o,
§ 4o do Estatuto de
1996).
[2] Posteriormente,
além desses, ingressaram membros dos estados do Amazonas, Rondônia, Ceará,
Pernambuco e Goiás.