METAPOESIA
Ontem vi a tristeza ir embora.
Deixou a vida mais quieta.
Se desfez das memórias vazias.
Esqueceu antigos tormentos
e conversou com a Poesia.
- Se o tempo muda e as nuvens são
negras, espera.
Agora na janela está a paciência
Desconhece os segredos.
Ignora e camufla mentiras.
Vê vestígios de incertezas
e refez o verso.
- Se o vento corre e as folhas voam,
espera.
Hoje entre os papeis havia alegria.
Recolheu carinhos e ternuras.
Encontrou o acaso.
Dançou e riu do destino
e trabalhou a metáfora.
- Se a chuva cai e molha a rosa, espera.
Ocasião de revelação pede calma.
Faz da generosidade, perdão e sabedoria
Instrumento de bonança, galhardia
o mundo avançou e reestruturou
e renovou os vocábulos.
- Se o orvalho escorre e banha o solo,
espera.
Momentos podem ser pequenos tesouros.
Merecem bom trato e reserva
Bem guardados valem ouro.
A dúvida fez seu ninho
e arquivou as rimas.
- Se a umidade contamina e gela os
ossos, espera.
Instantes
podem valer uma vida.
Desvelados em prazeres são alados.
Vestido de paixão, inesquecíveis.
A fantasia fez a festa
e repensou a estrutura
- Se a geada é forte e queima os brotos,
espera.
A tristeza, paciência, alegria, calma,
dialogaram no poema
com a estrutura, as rimas, os vocábulos,
as metáforas e o verso.
Chamar-se-á Poesia se houver amor,
senão, DESESPERA.
JUÇARA VALVERDE
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